Ele mora ali.

em 2 de dezembro de 2016






Ele mora ali, só pode ser ele mora dentro do peito dela. Acredito que já tenha criado um lugar bem quentinho e aconchegante pra ficar, porque ele não sai de lá, de jeito nenhum.

Entra ano e sai ano, os fogos estouram, a vida ganha novas formas, ela fecha os olhos e faz novos pedidos, mas ainda assim, ele não sai de lá. Ele mora no peito, na mente, no coração, acho que em cada parte daquele corpo ele deixou um pedacinho, ela já tentou varrer a casa da alma e limpar cada espaço, mas ele parece àquelas sujeiras que impregnam. 

Ela não consegue esquecer, não consegue não pensar a cada manha, vive fazendo comparações inúteis e todo fim de tarde percebe que esta pensando na possibilidade de tudo ter sido diferente.

Ela não entende nada a respeito desse amor, não consegue compreender o porquê de tanta obsessão, já se passaram tantos anos, nada se viveu, foram apenas passagens, sonhos interrompidos, sonhos dela, desejos dela, momentos dela. Talvez ele nunca tenha participado verdadeiramente de tudo, ela crê que bem no fundo ele não participou de nada. 

Ele já te esqueceu menina, ele nem se lembra mais do toque da sua mão na dele, não lembra daquele abraço e nem do seu cheiro. Ele não arriscaria contar mais nada sobre aquela conversa, ele já te esqueceu.

Mesma rotina...

em 3 de fevereiro de 2016




E é todo dia a mesma rotina, aquele despertar cansado, cheio de sono, aquela vontade imensa de ficar na cama, quietinha curtindo aquele momento puro e tranquilo de solidão. É o único momento em que ela realmente gosta de estar sozinha. Onde moram os desejos proibidos, os sonhos inalcançáveis, aquela vontade de voltar ao passado e refazer tudo, tudo diferente. 

Todo dia se repete é a maquiagem no rosto, aquela arrumadinha no cabelo, toma correndo uma vitamina e sai pra enfrentar toda aquela loucura na tentativa de chegar ao trabalho, tenta pensar diariamente que existem pessoas em pior situação, que sofrem o dobro nos transportes públicos maravilhosos daquela cidade, dai vem às forças pra suportar a multidão, o calor e as trezentas esbarradas que leva.

Tenta ler um livro, as linhas se embaralham um pouco com o chacoalhar do trem, hora se perde porque alguém quis passar e quase levou o livro embora, hora se concentra e quase perde a estação.

Carrega no peito tantos sonhos, uma vontade intrigante de mudar, como se tivesse certeza que algo nessa vida a espera, se sente presa naquela falta de coragem, naquele medo de arriscar. Lamenta sua vida chata e esbraveja pra si mesma, “tenha coragem menina, o tempo passa e a gente nem vê”.

O mundo lá fora às vezes parece doce, outrora amargo. A vida de cada um se confunde naquele vai e vem de pessoas se atropelando pra chegar a algum lugar e começa a pensar se toda aquela multidão carrega um sentido na alma pra levantar todo dia de manha. O jardim do vizinho sempre parece mais florido que o nosso, mas você nem sabe qual é a luta daquele cara de camisa amassada que esta ali correndo segurando a mochila pra não perder aquele vagão, se não for nesse ele perde a hora, e ai, quem sabe?

Da vontade de fugir, tentar morar em outro país, mas a vida já mudou tanto que não cabe mais esse sonho na bagagem, agora é tudo diferente, quer constituir família, quer ver um ser pequenino a chamando de mãe, quer ter pra onde voltar todos os dias e quer ter alguém a sua espera.


Tem medo do futuro, mas deseja imensamente que ele vá chegando devagar, que seja leve e ao mesmo significativo, que traga as mudanças que ela tanto sonha, que traga as realizações daqueles pensamentos diários a caminho do que hoje ela acha tão “nada”. 
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