Mesma rotina...

em 3 de fevereiro de 2016




E é todo dia a mesma rotina, aquele despertar cansado, cheio de sono, aquela vontade imensa de ficar na cama, quietinha curtindo aquele momento puro e tranquilo de solidão. É o único momento em que ela realmente gosta de estar sozinha. Onde moram os desejos proibidos, os sonhos inalcançáveis, aquela vontade de voltar ao passado e refazer tudo, tudo diferente. 

Todo dia se repete é a maquiagem no rosto, aquela arrumadinha no cabelo, toma correndo uma vitamina e sai pra enfrentar toda aquela loucura na tentativa de chegar ao trabalho, tenta pensar diariamente que existem pessoas em pior situação, que sofrem o dobro nos transportes públicos maravilhosos daquela cidade, dai vem às forças pra suportar a multidão, o calor e as trezentas esbarradas que leva.

Tenta ler um livro, as linhas se embaralham um pouco com o chacoalhar do trem, hora se perde porque alguém quis passar e quase levou o livro embora, hora se concentra e quase perde a estação.

Carrega no peito tantos sonhos, uma vontade intrigante de mudar, como se tivesse certeza que algo nessa vida a espera, se sente presa naquela falta de coragem, naquele medo de arriscar. Lamenta sua vida chata e esbraveja pra si mesma, “tenha coragem menina, o tempo passa e a gente nem vê”.

O mundo lá fora às vezes parece doce, outrora amargo. A vida de cada um se confunde naquele vai e vem de pessoas se atropelando pra chegar a algum lugar e começa a pensar se toda aquela multidão carrega um sentido na alma pra levantar todo dia de manha. O jardim do vizinho sempre parece mais florido que o nosso, mas você nem sabe qual é a luta daquele cara de camisa amassada que esta ali correndo segurando a mochila pra não perder aquele vagão, se não for nesse ele perde a hora, e ai, quem sabe?

Da vontade de fugir, tentar morar em outro país, mas a vida já mudou tanto que não cabe mais esse sonho na bagagem, agora é tudo diferente, quer constituir família, quer ver um ser pequenino a chamando de mãe, quer ter pra onde voltar todos os dias e quer ter alguém a sua espera.


Tem medo do futuro, mas deseja imensamente que ele vá chegando devagar, que seja leve e ao mesmo significativo, que traga as mudanças que ela tanto sonha, que traga as realizações daqueles pensamentos diários a caminho do que hoje ela acha tão “nada”. 
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