Estrelas

em 7 de outubro de 2017



Acordei sonolenta, como se tivesse sido uma noite muito longa e perturbadora, olhei no relógio e só eram duas da manha, não tinha dormido nem três horas.

O peito doía um pouco, acho que de tanto chorar, mesmo no escuro eu podia sentir o inchaço dos meus olhos. Levantei atrás de um pouco de água, precisava reabastecer meu corpo, seriam dias longos e difíceis.

A casa como sempre estava vazia, fazia pouco tempo, mas eu já tinha me acostumado, minha poltrona azul clara e meu tapete colorido ao lado da estante organizada de livros era o lugar preferido da casa, não quis colocar teve na sala, achei que seria muito melhor se parecesse um lugar aconchegante, do outro lado havia minha rede amarela e algumas almofadas no chão, uma mesa pequena com cadernos e espaço para meu note, meu escritório de criação, e ao lado da pequena mesa meu abajur de cor neutra, era a sala mais incrível que eu poderia ter. 

Escolhi minha geladeira vermelha, gastei uma graninha nela, mas por ser uma cozinha americana seria lindo poder avistá-la cada vez que me deitasse na rede. Minhas canecas exposta na prateleira em cima da pia e meus eletrodomésticos pretos davam um charme especial na casa.

Tudo calmo, e no seu devido lugar. Às vezes era bom de mais ser só, ter tudo pra si, do jeito que se quer.

Mas você sempre me faria falta, apesar de nunca ter me dado sua presença.

Era uma grande loucura, alguns dias eu passava bem e em outros era como se houvessem arrancado um pedaço de mim, eu conseguia saber os dias que seriam mais difíceis. Já me conhecia o suficiente para saber quando a falta da sua ausência me faria mal.

Eu não poderia contar aquilo pra ninguém, seria uma derrota, ninguém entenderia, eu teria que aguentar um milhão de julgamentos e não amenizaria em nada a minha dor.

Por esse motivo eu havia escolhido a solidão, a vida te da às cartas e você joga o jogo, simples assim, tentei entrar em relações furadas pra esquecer sua presença inexistente e nunca consegui, o barco sempre afundava no meio do percurso, eu nunca sabia onde seria a chegada, tentava aproveitar o melhor do viagem, mas alguém sempre acabava ferido ainda a bordo. 

Achei melhor parar de viajar clandestinamente em barcos alheios onde eu não fazia morada. Comprei meu próprio barco, sentei na mesa de baralho, esperei as cartas chegarem e fui jogando sozinha, hoje estou aqui, em mais uma daquelas noites longas e vazias.

A gente precisa escolher se quer ser solitário ou viver sempre uma mentira magoando as pessoas, em certo momento da vida fica difícil demais aguentar a pressão e a magoa de outros corações além do seu, então a melhor opção que se tem é seguir sozinho.

As palavras me fazem companhia, escrevo para ajudar pessoas a se encontrarem, escrevo para os que se sentem só, escrevo para amenizar as dores e as ausências, escrevo para deixar a alma falar.

Assim vamos velejando, soltando palavras ao vento e deixando a alma gritar.


Escolhi tomar um suco que tinha na geladeira, desceu refrescante e libertador, olhei pro céu e haviam muitas estrelas, dei nome a algumas, nomes que eu amava e por algum motivo não faziam mais parte dos meus dias, respirei fundo e voltei pra cama, chorei por mais alguns minutos, ate por fim adormecer. 

A vida segue, e alguns dias são melhores que outros. 

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