No inverno nem
costuma chover, mas justamente naquele dia caiu uma chuva torrencial, eu não
conseguia enxergar mais nada naquela rua, exceto seu rosto.
Era como se tudo
não passasse de uma ilusão, assim como o que eu achava que tínhamos vivido, ou
o que ainda acho.
Mas seu olhar era
um olhar devastador, e eu sabia que você também não via mais nada naquela rua
além de mim. Ficamos apenas ali, nos olhando por um tempo, que eu não sei dizer
qual foi. Eu esperava que você viesse a mim, ou esperava que uma força maior me
levasse a você, me encorajasse a mudar todos os planos que o destino tinha pra
nós. Mas apenas consegui fugir dali, e mesmo que nada seja real, a única coisa
que sempre existiu foi minha fuga.
Nossos encontros,
reencontros e despedidas sempre foram intensos, mas eu nunca soube dizer se
tudo o que vivemos, ou o pouco que nos foi possível viver teve a mesma
intensidade pra nós dois. Eu sempre guardei na memória a dor de quem viveu um
amor sozinho.
Adoro a chuva no conto...
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